Mudança de foco
Como o desapego de animar produtos me trouxe um desafio maior sobre o que animar.
Os primeiros anos da minha jornada no Stop Motion foram voltados para a animação de produtos, tendo em mente a construção de portfólio nesse tipo de stop motion.
Intercalando essa prática, fui animando também em outras técnicas, e trazer animações de produtos nesse intervalo de animações do meu Projeto Cenas (que foi um projeto que envolvia técnicas de animação que eu não praticava no stop motion com produtos) era até uma maneira de conseguir animar com uma frequência maior pois como nas minhas animações de produto eu não precisava construir cenários, o ritmo de produção para esse tipo de stop motion acabava sendo bem mais rápido.
Esse ano quis mudar um pouco o foco, e experimentar animar com mais frequência em outras técnicas no Stop motion, colocando como restrição para a minha prática animar tudo menos produto.
A correria da rotina muitas vezes faz com que estejamos na nossa zona de conforto, no que é mais rápido para termos uma produção maior e acompanhar o ritmo corrido dos algoritmos e conseguir mostrar nossa arte com mais frequência. Mudar um pouco o foco, inverter o ritmo, e optar por seguir indo para um lado mais expressivo e que faz com que essa caminhada do praticar a nossa arte seja um pouco mais lenta pelo processo da técnica que escolhemos ser mais complexo, pode ser interessante e trazer um desenvolvimento maior de nossa identidade dentro da arte que fazemos, indo então para um caminho que pode ser menos comercial mas que pode abrir portas também para outros projetos.
Animação com papel que fiz durante a pré produção de uma animação no vidro com essa mesma personagem.
Para mim tem sido um desafio ter saído um pouco desse fluxo no qual eu estava animando na maioria das vezes produtos, tanto no sentido de ter as ideias, como também na escolha de quais técnicas e materiais vou escolher para animar.
E com certeza também tem o lado do perfeccionismo, o qual tenho que silenciar as vozes periodicamente, pois ao experimentar animar com materiais que não tenho tanta prática, tenho a consciência que o stop motion nem sempre vai dar certo ou vai ter um resultado que eu goste, como foi no caso da animação com areia o qual eu tinha pensado em fazer vários outros movimentos na minha animação, mas que a falta de prática com esse tipo de material me deixou um pouco limitada.
Então nesses casos, prefiro pensar nesses stop motions que “não dão muito certo” como animações experimentais e então pensando desse modo o processo fica um pouco mais leve pois não precisa dar certo, são apenas animações que tem a finalidade de eu entender as possibilidades que consigo explorar com certos materiais os quais ainda não tenho muita afinidade.


O foco como aliado na prática da animação.
Assim como a restrição criativa, na qual restringimos os materiais que vamos usar para animar, ou até o tempo que temos para fazer nossas animações e desse modo podemos entrar num fluxo de ter mais ideias, focar em pontos específicos seja envolvendo alguma técnica, algo na pré produção ou set up das nossas animações pode ajudar demais a aperfeiçoarmos os nossos stop motions.
Manter o foco em apenas um elemento de todo o processo de animação, por um determinado período de tempo ou uma determinada quantidade de vezes que animamos, como por exemplo focar apenas em iluminação, composição ou movimento pode ser um ótimo exercício para através dessa prática mais específica desenvolvermos ou melhoramos a nossa técnica, e controlarmos o nosso perfeccionismo. Nesse exercício ao focarmos apenas na prática da composição, nos desprendemos da ideia de que nosso stop motion vai ter que estar com os movimentos fluidos por exemplo, ou então se focarmos nos movimentos do nosso stop motion, a composição e iluminação não vão ter tanta importância.
Propor exercícios como esse de tempos em tempos na prática das nossas animações pode ser interessante tanto para quando estamos no começo da jornada dessa arte como também quando estamos mais avançados mas queremos focar em alguma técnica que ainda não experimentamos tanto.
Algo que também tenho tentando experimentar por aqui é focar apenas em um tipo de material para experimentar animar a cada mês, mas confesso que ainda não consegui me manter firme nessa prática.
E por falar em indicações…
Achei incrível essa animação com feltragem dirigida por Anjali Nayar e animada por Laura Venditti, que ilustra o processo de experimentos medicinais em ratos e é parte do documentário Hack your Health da Netflix.
Amo demais o vídeo musical do animador Gianlucca Maruotti - Giangrande - Free to roam.
Já acompanho a um tempo o canal Animatortor no YouTube do animador Tortor Smith, tem vários tutoriais e dicas tanto do processo de animação como também de modelagem com massinha.
Tenha uma ótima semana e até a próxima.
Abraços, Luciana.
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